Quando vi, nem dei atenção. Uma pessoa velha, dessas que dá aquele aperto dentro do peito. Aquele pensamento de que a vida já está feita, de que agora é com os outros.
Mas ele subiu no mesmo ônibus que eu. E se sentou em uma cadeira de frente pra minha. Não teve como reparar naqueles olhos. A cor já nem lembro qual era. (azul, talvez.)
Mas tinha um brilho, desses lacrimejados. De quem levou o mundo nas costas e o fez bem. De que foi fazendo assim, meio sem prumo e as pessoas foram surgindo – assim como um alicerce as avessas – e foi ficando ele bem fundo num chão. Agora, lá estava ele. Dessa vez, sozinho.
E os alicerces já se corroeram. Chegara lá, onde tudo começou – com aquela sensação de que se tem que fazer algo da própria vida.
E ele me lembrou um outro, mas chegou meu ponto e eu desci.
As duas vidas continuaram, mas aquele brilhozinho ficou lá (e aqui).
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
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2 comentários:
Por um segundo ele fez parte da sua vida. Talvez, dessa vez ele não tenha encontrado mais um alicerce (em você), mas talvez ele tenha sido, por um instante, um alicerce, mesmo que seja pra você escrever esse conto bonito.
isso é uma verdade que eu não tinha pensado!
brigademais!
:)
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