terça-feira, 5 de janeiro de 2010

a foto da capa


um dia eu encontrei a resposta
e foi ela quem me mostrou o caminho.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

terça-feira, 25 de agosto de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

bom conselho

O olho não mirava nada. Aquela conversa era de alma. Ele dizia em agonia: "Não deu certo, né? Ele não aceitou. Mas olha, foge pro mato, pra longe desse homem. Você é moça direita, de futuro, não tem de ficar metida no meio dessas confusões não".
A alma dela cambaleou, querendo não entender.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

bem-querer

Ela tinha decidido, de última hora, ir com a família a um espetáculo de dança. Saiu de lá querendo dançar uma vida, encontrou com o melhor amigo que deus lhe tinha dado, tomou dois chopps falando bobagens e cantando "don´t look back in anger" - coisas que só eles poderiam fazer. Ficou feliz de saber que a vida tinha reservado ele pra ela (pra sempre). Chegou em casa comendo o chocolate que ele havia dado e deitou sem escovar os dentes pra dormir com o gostinho da felicidade.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

desencontro

Aquilo era o que não parecia. E o que era, não aparecia.



(É que as vezes é feio de longe, e se chegar bem de perto a gente entende o que é e fica bonito de encher o coração.)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

fantasia

Ela ficava assim, tentando entender essa vida. Quanto mais a cabeça pensava, mais o peito apertava. E todos os dias ela acordava pensando “tomara que tenha passado”; mas no segundo passo pra longe da cama, lá vinha a danada da agonia, de novo. E, dessa vez, não tinha cachorro-quente que resolvesse, não tinha conversa amiga, nem colo de mãe, não tinha palavra doce de namorado, nadica de nada. Era o bicho que morava dentro dela, que tava crescendo, sem respeitar a casquinha... Aquele bicho, que manda e desmanda, queria mais espaço, queria mais atenção. Queria tudo pra ele, sem dividir com ninguém, queria todas as forças, todas os sentimentos, tudinho voltado pra dentro – pro ego mesmo. E o que é que tava errado, essa história de ser altruísta? O bicho queria que ela deixasse o medo de lado. “Logo o medo?”. Isso, querida, faz o que você quer, sem medo. “Mas e se...?”. Nada disso, o bicho nem queria ouvir. Era um mês arrastado, mês que tudo andava errado, às vezes muito forte, às vezes tão fraco. E ela tava mesmo desistindo da vida. “Se tudo dá no mesmo lugar, hay que luchar?”. A voz do Chico não lhe saía da cabeça: “E se de repente a gente não sentisse a dor que a gente finge que sente?”. Então ela quis parar e reavaliar tudo aquilo, porque a dor dela, era só dela, afinal. Que culpa tinham os amigos questionadores que quase a matavam de raiva, fazendo o bicho lá de dentro se contorcer? Que culpa tinha o namorado com o seu bicho de dentro todo doido também? Que culpa tinham as avós, de serem inconvenientes? Que culpa tinha a mãe, de estar sempre cansada? Que culpa tinha a irmã e a amiga, de serem sempre tão irritantes? Que culpa tinha, afinal, o resto do mundo, se o bicho crescia era dentro dela? Dessa vez não tinha jeito, não tinha desculpa, não tinha viagem, não tinha briga, não tinha nada. Era ela com ela e ninguém metia a colher. Então ela se rendeu, disse pro bicho "Ok, sou sua. Pode fazer o que quiser" - daí ela chorou, esperneou, gritou, ficou fazendo força na frente do espelho até a cara ficar vermelha e ela ter que respirar rápido, rabiscou as folhas tratadas sempre com tanto cuidado, ficou dias sem olhar pro computador, fez amizade com a vodca - arrependeu amargamente no dia seguinte, ficou sem comer o dia inteiro (e no outro comeu como se nunca tivesse comido na vida), foi ao cinema sozinha, quis ser mais gorda, depois quis ser mais magra, quis e não quis todas as coisas da vida. O bicho de dentro, que não esperava nada disso, tomou um susto de arregalar a alma. Ficou quieto, quase pediu desculpas. Prometeu que ia se comportar, disse que ela provou sim, que era forte, que era guerreira. Agora ela estava, então, em paz.
AH! Vieram então, sorrateiras (como sempre), as palavras de Hermógenes. Nem era isso que ela tava buscando, ela queria só fazer um desenho, só estava procurando um bom modelo. E eis que "Deus me livre de ser normal" aparece de novo, com força total.
Ela então tomou a sua decisão, sim, PAZ, AMOR, PERDÃO e LUZ. Nada de ruim ela queria perto dela, nem desejar, pra ninguém. Mesmo aquelas pessoas, aquelas, que sabem bem quem são. Ela queria contemplar tudo com muito mais amor e harmonia - como tanto era aconselhada, por aquela voz calma de veludo. Era isso, a opção dela estava feita. E tinha um sido um remédio eficaz, ah, tinha sim.